Ouvi, li, senti algures...
"Desire that your loneliness may spur you into finding something to live for, great enough to die for."
"...começou por uma razão, acabará um dia pela mesma razão..."
Já passaram uns dias desde que soltei um pensamento…
Tanto para dizer.
Tanto por partilhar.
Tanto para contar.
Tanto para tirar de cima de mim.
Mas não!
Desta vez não…
Juntar a beleza do teu corpo com o significado das palavras…
Quero escrever no teu corpo todo o mundo, tudo o que sinto, todas as palavras que quero fazer perdurar…
Começo então por estes simples versos.
Mudo a forma e o jeito,
Em movimentos imparáveis
Palavras mudas fogem do peito,
Numa mente já arrombada!
Agudos e afiados como punhais,
Desferem golpes desleais
Em cada estocada, mais precisos.
Baralhado por esta surdina,
Quero desejos novos e antigos
Quero te errante menina,
Para finalmente, adormecer…
Numa noite destas, quero ter um sonho assim…
Era noite.
Estava escuro. Lua nova.
Por companhia tinham apenas as ondas, que em movimentos inusitados se enrolavam na areia.
Os sons que soltavam…
Insinuando-se…
A temperatura assim o convidava.
O Ambiente entre ambos assim o pedia.
Os dois…
Durante tempo sem fim falaram.
De tudo.
De nada.
Sempre adoraram falar.
Era um fascínio para ambos trocar ideias…
Pensamentos…
Ideais…
Banalidades…
Sentimentos…
Experiências…
Nos últimos tempos nada disto tinha sido possível.
As obrigações profissionais assim o ditavam.
Mas não naquela noite! Não!
Estavam disponíveis apenas para eles mesmos.
…em segundos.
…em minutos.
…em horas.
Ela sentada entre as pernas dele e envolvida pelos seus braços.
Envolvida num abraço nem leve, nem demasiado apertado.
Um abraço de quem sente!
Foram breves os momentos de silêncio.
Ela, inclinando para trás a cabeça, segreda-lhe com a sua doce voz…
És o meu melhor amigo!
És o meu maior amor!... Beija-me…”
Chovia levemente.
Inverno.
Mas não estava frio.
Sentia-me algo parado.
Decido então ver o mar, ir à praia…
Queria estar só!
Não que estivesse particularmente em baixo.
Apenas queria.
Estava cansado das pessoas e dos seus sons.
Sabia que a praia estaria vazia.
Viagem rápida.
Uns minutos de distância a ouvir o meu “velho amigo” Frank…
Chego. Já não chovia.
Tiro os sapatos.
Dobro as calças.
E piso a areia…
Húmida e fresca.
Elevava-me a alma!
Olho em volta.
Estava só, ou assim pensava…
Caminho ao largo com os pés na água gelada.
Reparo então que não estava só.
Alguém estava no mar.
Um surfista?
Não. Uma surfista.
Sento-me na areia, observando o que fazia.
O tempo voou.
Saiu da água, tirou o fato, vestiu-se e partiu…
Por momentos pensei que estivesse acompanhado.
Afinal estava só!...
Sinatra também, mas esta chama-se Nancy.
Música algo diferente, melodia excelente...
Tentando sobreviver, perdi-me algures.
Andei à deriva…
Pensei por momentos ter encontrado novamente o caminho…
Não!
Apenas apanhei uma estrada, que sabia, iria dar a um beco sem saída.
Voltei a ficar sem chão para percorrer.
Voltei a perder-me…
Aos poucos procuro o meu rumo.
Não outro qualquer.
A minha viagem.
O meu caminho.
Espero então um dia cruzar o caminho de outrem…